21 de jul. de 2026

Dany Mucheroni falando a real sobre Design

Reflexões sobre carreira, estratégia, IA e os desafios reais do design de produtos digitais. Uma conversa com Dany Mucheroni sobre impacto e futuro.

Seguimos a série Falando a real sobre Design e desta vez convidamos Dany Mucheroni: estrategista de produto com mais de uma década de experiência em design, tecnologia e IA, para uma conversa profunda sobre carreira, impacto e o futuro do design de produtos digitais.

Com uma trajetória que cruza estratégia, liderança, storytelling e inovação, Dany compartilha aprendizados sobre maturidade profissional, soft skills, tomada de decisão, IA aplicada e transformação real. Uma conversa crítica e inspiradora com quem acredita no design como ponte entre pessoas, negócios e propósito.

Boa leitura!
— Gabriel Pinheiro


Falando a real sobre Design

O que acho mais legal no Design é sua capacidade de conectar diferentes contextos, unindo o lado humano ao lógico ou necessidades do cliente, Gestão de Produtos, Desenvolvimento, Estratégia e Marketing em soluções envelopadas em produtos e serviços. Quando o Design atua como esse elo entre tantas áreas, o resultado é lindo de se ver.

Sobre o cenário atual

1. Como você enxerga o papel do Design de Produtos Digitais nas empresas brasileiras?

D: O Brasil é um cenário muito diverso, com empresas em diferentes níveis de maturidade entregando graus variados de valor através do Design. Isso torna difícil responder sem generalizar. Há desde designers que criam apenas interfaces bonitas até aqueles que projetam soluções estratégicas capazes de criar experiências incríveis. O nosso papel é entender esses contextos e contribuir junto com outros times para soluções que causem grande impacto.

2. Qual é o valor que o Design entrega e qual impacto pode gerar através do trabalho de um designer de produtos digitais?

D: Acredito que o maior valor do Design está em sua capacidade de transformar. Através do Design podemos impulsionar mudanças significativas na experiência do usuário, na forma como interagem com produtos ou serviços e até em mudanças culturais de contextos que estamos inseridos.

3. Quais são os principais desafios para quem busca trabalhar com Design hoje?

D: Acredito que os principais desafios para quem busca trabalhar com Design são:

  • Necessidade de constante atualização;

  • Maturidade variável do mercado;

  • Diversidade de caminhos na área que está em constante mudança e expansão de possibilidades.

4. No seu contexto, quais são os principais desafios que você enfrenta atualmente?

R: Atualmente, um dos meus desafios é garantir que o Design seja visto como estratégico e não apenas como uma camada estética. Também busco equilibrar a colaboração com diferentes áreas, mantendo um olhar crítico para entregar valor real aos usuários e ao negócio.

5. Como é um dia típico de trabalho para designers? O que você faz e onde costuma concentrar mais energia?

D: Hoje na minha carreira, vejo que meu dia de trabalho envolve muito mais do que pesquisa, prototipagem e testes. Meu papel exige colaboração estratégica com diferentes times, garantindo que as decisões de Design estejam alinhadas aos objetivos do negócio e às necessidades dos usuários. Grande parte da minha energia é direcionada para guiar equipes, facilitar conversas e criar soluções que sejam não apenas intuitivas e eficazes, mas que gerem impacto real dentro e fora da empresa.

6. Designers devem se preocupar com outras disciplinas estudando sobre Design? Existe o risco de generalização do Design de Produtos Digitais?

D: Acredito que a interdisciplinaridade é positiva, pois enriquece o Design com novas perspectivas, assim como nas matérias correlatas que estudamos na faculdade. O nosso desafio é garantir que o Design não seja tratado de maneira superficial ou reduzido a uma etapa meramente estética.


Sobre desenvolvimento

1. O que é mais importante saber para quem está começando? Há algo que você gostaria de ter aprendido antes de entrar na área?

R: Para quem está começando é essencial ter curiosidade, porque Design está muito ligado a uma criatividade lógica, onde estamos sempre em busca de inspirar uma experiência diferente e melhor que a anterior. Algo que gostaria de ter aprendido antes é oratória, porque apesar de as soft skills muitas vezes parecerem secundárias, elas são essenciais para qualquer área - principalmente Design.

2. Na sua visão, existe alguma disciplina por onde faça mais sentido começar?

D: Meu conselho é começar por UX research, porque mais do que nunca precisamos de profissionais questionadores, que saiam do campo comum e saibam aplicar boas práticas de Discovery, mas sempre mantendo uma visão sistêmica do processo de experiência do produto.

3. O que você acredita que designers de produtos digitais iniciantes não podem deixar de aprender?

D: Novos designers de produtos digitais não podem deixar de aprender sobre pensamento crítico e tomada de decisão orientada por dados. É essencial entender as necessidades dos usuários, validar hipóteses e conectar design aos objetivos de negócio. Além disso, acredito que conhecimento em acessibilidade, usabilidade e fundamentos de UX são indispensáveis para criar soluções realmente eficazes.

4. Quais são os principais erros e acertos que você percebe em pessoas que estão entrando ou migrando para a área?

D: Vejo muitas pessoas priorizando a estética e a interface bonita sem considerar a experiência do usuário e o impacto que essas tomadas de decisão podem causar na experiência final. O maior acerto que acredito, é quando se aprofundam em pesquisa e validação antes de projetar qualquer solução, porque isso mitiga riscos e traz insights essenciais ao negócio e produto.

5. E para quem busca evoluir na carreira, quais erros você entende que devem ser evitados?

D: Para evoluir na carreira, vejo que é fundamental aprender sobre negócios, gestão, liderança e soft skills como colaboração, negociação, comunicação efetiva e empatia. Além do fato de buscar feedback constante com escuta ativa.

6. Na sua visão, quais características técnicas diferenciam um designer Júnior, Pleno e Sênior?

D: A diferença entre júnior, pleno e sênior está na autonomia e na complexidade dos problemas que conseguem resolver. O caminho para a senioridade passa por experiência prática, aprendizado contínuo e desenvolvimento de habilidades interpessoais. Essa construção de repertório vem com o tempo e com a quantidade de desafios complexos que o profissional passa.

7. Como você enxerga a trajetória até alcançar o nível Sênior em Design de Produtos Digitais?

D: A trajetória para a senioridade exige não apenas aprofundamento técnico, mas também desenvolvimento de habilidades estratégicas e interpessoais. Para mim, isso significa saber articular decisões de Design, colaborar com múltiplos stakeholders e gerar impacto real no negócio e na experiência do usuário.

8. Como você escolhe quais temas estudar? Baseia-se nas demandas do mercado, nas tendências, nas capacidades tecnológicas ou em outros fatores? 

D:Busco estudar equilibrando demandas do mercado, tendências tecnológicas e interesses pessoais. Também observo desafios do dia a dia e feedbacks, que indicam habilidades a desenvolver, mas o mais importante para mim é manter uma aprendizagem contínua e adaptável, sempre conectada ao impacto que quero gerar como designer.


Portfólio & Carreira

1. Qual dica você daria sobre portfólio para quem está começando? Quais critérios ajudam a estruturar um portfólio efetivo e quais atributos não podem faltar?

D: Um portfólio efetivo é aquele que destaca a tomada de decisão e o impacto do trabalho, não apenas a parte visual. Ele deve demonstrar pensamento crítico e capacidade de resolver problemas e porque não os fracassos, mudanças de rota e aprendizados dessa jornada.

2. Como desenvolver conhecimento em Design por meio de cases fictícios? E, na sua opinião, de que forma eles ajudam na busca por vagas?

D: Cases fictícios são uma ótima forma de desenvolver pensamento crítico, metodologia e habilidades técnicas em Design, eles permitem explorar problemas reais sem depender de experiência profissional prévia. No entanto, para se destacarem em processos seletivos, é essencial a apresentação de cases que demonstrem tomada de decisão, processo estruturado e impacto potencial, mostrando como você aborda desafios e constroi soluções. Cases reais acabam sendo um diferencial muito bom nessa questão.

3. Como você acredita que um Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) pode ser estruturado para proporcionar um desenvolvimento concreto?

D: Na minha opinião, um PDI eficaz deve ter metas claras, prazos realistas e estar alinhado aos objetivos de carreira. É essencial equilibrar desenvolvimento técnico e soft skills, buscando aprendizado contínuo e feedback constante, além disso, revisões periódicas garantem ajustes e evolução conforme as necessidades do mercado e os interesses do profissional.

4. Pensando em quem está em busca de novas oportunidades, como mostrar conquistas e resultados ao pleitear novas posições?

D: Na busca por posições, busco destacar o impacto do meu trabalho com dados, métricas e uma narrativa clara por trás das decisões de Design.Procuro mostrar como contribuo para o negócio e os usuários, evidenciando aprendizados, desafios superados e minha atuação estratégica nas equipes.


Uma visão sobre futuro

1. Como você gostaria que fosse o futuro do Design? E o que seria necessário para que esse futuro se concretize? 

D: Quero um futuro onde o Design vá além de criar produtos, que ele possa transformar realidades, conectar pessoas e impulsioare mudanças positivas. Para isso, precisamos fortalecer a educação, incentivar a colaboração e garantir que cada decisão seja guiada por propósito e empatia.Acredito que o Design tem o poder de moldar um mundo mais acessível, humano e inovador e somos nós que tornaremos esse futuro possível.

2. Quais oportunidades você enxerga para a evolução da nossa disciplina de Design de Produtos Digitais?

D: Vejo oportunidades na integração do design com estratégia, tecnologia e IA, criando experiências mais acessíveis e inovadoras. Com o design ganhando espaço estratégico, podemos influenciar decisões de alto impacto e impulsionar a evolução da disciplina com propósito e relevância.

3. Como você vê a próxima geração de designers de produtos digitais?

D: Minha experiência com IA é que ela automatiza tarefas diminuindo carga cognitiva, então permite que designers foquem mais na estratégia e criatividade. Ela acelera processos e expande possibilidades, mas o olhar humano segue essencial para garantir impacto, ética e empatia.

4. Como você vê a próxima geração de designers de produtos digitais?

D: Eu vejo um horizonte de uma geração de designers mais adaptável, multidisciplinar e orientada a impacto, combinando Design, tecnologia e negócios. Esses profissionais terão um papel ainda mais estratégico, utilizando dados e IA sem perder a sensibilidade humana, acredito que será uma geração que desafia padrões, busca inovação e projeta soluções mais inclusivas e acessíveis.
Eu estou animada para ver essa evolução na próxima geração.

Sobre a Dany

Dany Mucheroni é uma estrategista que transforma ideias complexas em produtos e serviços simples, úteis e humanos.

Com mais de uma década de experiência em Design, Produto e, hoje, IA aplicada, ela conecta pessoas, dados e histórias para criar soluções com alma e propósito.

Em seu trabalho, percorre toda a jornada — da visão à execução, do discovery ao go-to-market — sempre guiada por pensamento crítico, storytelling e desejo de causar impacto real.

Para ela, produtos só permanecem — e fazem sentido — quando transformam, de verdade, a vida das pessoas e abrem caminhos para um futuro mais inteligente, sensível e possível.

Publicado em:

Gabriel é estrategista, autor e palestrante. Publicou livros sobre design estratégico, já palestrou na UX Conf e em empresas como Itaú, Boticário, Magazine Luiza, Ifood e Livelo. Formado em design de produto, é sócio da PunkMetrics e já trabalhou em empresas como Wine.com.br, Autoglass, SKY, Handmade e Thoughtworks. Além de ajudar no desenvolvimento de outros designers, é especialista em temáticas como estratégia, ecossistemas, inovação e educação.

Livros de Design que amplificam e potencializam a voz do Design brasileiro.

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